sábado, 24 de novembro de 2007

Mudança Radical na Receita de Pão de Queijo

Hoje foi O dia. Um dia maravilhoso, sério.


Um tempo atrás eu pensei que estava tudo muito chato, senti uma necessidade de conhecer outras pessoas que pensam pessoalmente, criar um convívio com esse tipo de pessoas. Tudo por internet estava chato, abstrato demais.


Quinta feira, um grupo de alunos da minha sala se aglomera em frente a um papel afixado no mural. Que merd* - eu penso - pq todo mundo não vai sentar pra aula poder começar? A curiosidade cresce... vou lá dar uma olhada para ver do que se tratava, já que era só eu virar o pescoço para trás para ler...

Estágio voluntário... hum... parecia algo muito tentador. Resolvo ligar para o número indicado, para ver no que irá dar. Algo meio controverso isso, não? Uma pessoa que perdeu as esperanças na humanidade fazer trabalho voluntário na cruz vermelha - confesso que a princípio eu tinha segundas intenções, agora não mais. =]

Converso, repasso alguns detalhes para a turma e acabo aceitando um convite em cima da hora para conhecer a comunidade em que iria trabalhar.

Nem conhecia as pessoas, mas sentia que podia confiar, aceito carona para ir junto até o local. No caminho penso em perguntar se eram mesmo daqui, surge uma idéia insana que um deles poderia ser do Meio do Nada (fato comprovado posteriormente quando falamos o nome da cidade ao mesmo tempo). Pessoas simplesmente maravilhosas - que pensam. Os debates eram intensos, eu nem conseguia comentar nada, era tão rápido e trocavam de assunto com uma velocidade... quase que não consegui assimilar algumas coisas.


Uma experiência ótima, era o que eu precisava. Percebi que tinha que jogar a minha receita de pão de queijo fora, tinha expirado o prazo de validade... era hora de um upgrade. Algumas idéias que consegui captar, interpretar e desenvolver:


Vivemos em uma sociedade com um pensamento judaico-cristão que impõe a culpa desde que nascemos. "Desculpe por eu ter nascido". Há uma necessidade de egocentrismo, um interesse em si - não podemos viver presos por essa 'culpa'. Algumas pessoas não se interessam por si... para compensar isso e parecerem pessoas altruístas para a comunidade se engajam em ações para ajudar os outros - só que é tudo fictício. Pessoas fingem que se importam com os outros, o fazem apenas numa tentativa de compensar o pensamento de culpa. Uma necessidade de se sentir úteis para os outros (assim não se sentem tão culpados por tudo). O fato é que assim as pessoas esquecem de suas necessidades, pensam só no que os outros acham, o que irão pensar sobre isso. Falta egocentrismo... mas o bom egocentrismo, aquele que leva à introspecção.


Não sabemos quais são nossas idéias. Idéias por idéias, o que pensamos ser nosso não é - são idéias impostas pelo sistema. As frases anteriores fizeram eu jogar tudo fora. Fiz uma breve retrospectiva dos últimos sigilos que eu fiz. Eram para que? Foi tudo besteira, coisas consideradas fúteis, nada que eu desejasse mesmo - não é uma questão de ter sido um treinamento ou não... mas é fruto desse pensamento consumista. Exemplo do último resultado de uma sigilização: eu queria viajar para o exterior no final desse ano/começo do ano que vem. E oh! vou pro Paraguai ¬¬ sinceramente, sei que poderia ter sido mais exigente. Mas... era algo que eu realmente queria, algo que eu sentia necessidade..? Não sei mais quem sou eu, o que eu quero. Se alguém tem o desejo de comprar um notebook, um celular novo... pq essa pessoa quer isso? Não é a pessoa que quer, mas sim o sistema quer ser alimentado... nos fazem acreditar que precisamos muito de tudo.

E esse mundo de desejos que nos cerca (vide o sucesso daquele filminho capitalista, O Segredo) fica criando ilusões em nossas mentes cegas. Acabamos caindo na abstração. Vivemos num mundo abstrato... dentro de livros, filmes, internet, etc. Vivemos um universo criado em nossas mentes. Fugimos do medo, da realidade. Olhamos para os dois lados da rua com receio, tentamos criar uma falsa segurança - temos medo de viver, de arriscar. Preferimos ficar em casa nos deliciando em um livro, fazendo de conta que sentimos o mesmo que a personagem principal. O mesmo pode ser aplicado à internet, é um mundo abstrato. E agora com pessoas reais, que pensam... percebo como estou deixando certas coisas passarem. Eu estava tentando me segurar em um mundo falso, irreal. Acabei criando identidades falsas para tentar sobreviver na realidade. Depois que eu fui no Beto Carrero e descobri que meu medo de altura se transformou em amor por alturas... tudo mudou. A realidade é perigosa e ao mesmo tempo fascinante. Amor à primeira vista.

Então eu tomo uma decisão que estava cogitando desde o início da semana. Largar de vez os livros. Eu confesso que adoro ler. Mas teoria para que? De que adianta tudo ficar trancafiado dentro de nossas mentes? Quero ler apenas um livro - o livro da vida. Sério mesmo... aprendo muito na prática, observando tudo e agindo da forma que for necessária.

Teorias, teorias... troco toda aquela quantidade de palavras pela experiência da vida, está na hora de eu colocar meus planos em ação, começar a agir de uma vez por todas. Chega de ficar no calor aconchegante de casa... tenho que enfrentar o inverno rigoroso que está para chegar.


Tantas coisas entraram em debate, não me recordo de tudo no momento. Outra coisa que entraria em questão é a necessidade de uma guerra no Brasil. Tenho argumentos a favor disso, apesar dos sacrifícios teríamos muitos benefícios a longo prazo (quem sabe até uma diminuição drástica da corrupção)... só que isso será conversa para um outro post - sem previsão de data.


Eu queria comentar também sobre minhas aventuras da semana passada no Meio do Nada, deixarei para amanhã ou depois ou depois... pra próxima postagem. x]~




LK

2 comentários:

Anônimo disse...

Kathy, como bom discordiano, eu concordo, discordo e acho isso bem irrelevante... Mas vamos ao que interessa:

Em primeiro lugar, Kathy, você é uma pessoa maravilhosa. Sério mesmo. Me sinto uma pessoa de sorte em poder falar com você. Quando olho ao meu redor a grande maioria das pessoas que eu conheço torna o mundo tão sem graça do ponto de vista intelectual - eu sinto necessidade (e essa acho que não é do sistema, hehehe) de pessoas inteligentes e, antes disso, que tem coragem pra assumir erros e defeitos e o poder para se transformar, pra se metamorfosear. Repetindo uma frase do meu post de aniversário, obrigado por ser; ser, existir.

Quanto ao post, acho que é uma atitude controversa parar de ler livros. Nós lutando tanto para que mais pessoas leiam e você pára de ler! heehaaehaeheaha. Estou brincando, eu entendo perfeitamente seus motivos. Você se cansou de teoria e se cansou de mundos imaginários. Mas pra mim ler um bom livro, ver um filme, ouvir uma música, é tão importante quanto o que você chama de "prática". O que é isso que se chama "prática"? A vida cotidiana? Kathy, o problema não é o mundinho criado pra nós pelo sistema, o problema é nossa maneira de perceber o mundo. Nossa biologia, nossa memória seletiva, nossa não-capacidade de prestar atenção em tudo. Nossos filtros de realidade, o pá! ;) Tudo ao nosso redor é um mundo de fantasia. Os livros, as músicas, as idéias, os filmes, tudo isso é tão parte apenas de uma realidade forjada por nós quanto o trabalho, a faculdade, a escola. Nós temos o nosso mundo de ilusão - mas sobre o que fazer em relação a isso, eu não vou falar nada aqui porque meu pensamento agora fica confuso demais pra que eu consiga até mesmo verbalizá-lo.

Beijos, e até mais pão de queijo =)

8 disse...

Ahh mas não seria romper minha relação radicalmente com os livros... apenas um afastamento com relação ao excesso de teoria. O problema é que eu ficava na teoria, teoria... com medo de arriscar..! Vou deixar isso um pouco de lado pra me divertir um pouco. Estou lendo o volume 3 do Guia do Mochileiro das Galáxias... nuunca que eu ia deixar de ler todos os livros da coleção agora que comecei. xD

A prática seria eu sair do calabouço de casa.. deixar de ficar mto tempo apenas lendo, lendo... e começar a observar as coisas de fora, atitudes...

Quando eu entrar de férias a primeira coisa que quero fazer são umas 15 cópias do Principia e espalhar pela cidade - te aviso quando farei pra vc me acompanhar, se quiser, é claro.

Acho que consegui entender sua linha de raciocínio (acho). De algum modo, devo concordar... afinal, nada é verdadeiro.
O fato é que eu estou mudando, consigo sentir essa mudança de minhas idéias... talvez com mais intensidade que antes. Hoje eu penso algo totalmente diferente de ontem e que será um absurdo para amanhã.

Beijos =]