sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ironia.

 

"Porque você fala assim com os outros?"

"Uma hora as pessoas se cansam."

"Isso é uma couraça."

 

Sim, eu sei. Infelizmente, sei.

De certo modo, vejo que só me restou tal forma "rudimentar"(?) de comunicação. Não consigo evitar de dizer certas coisas, não consigo ser direta demais, não suporto quando falam algo extremamente óbvio, que todos sabem. Então a única esperança para que as pessoas entendam o real significado das coisas que quero dizer é por meio de indiretas. A questão é: raramente entendem.

Não posso sair por ai falando tudo o que penso. Se fosse assim, me jogariam num hospital psiquiátrico e de lá eu não voltaria mais. Não que eu esteja errada (afinal, "nada é verdadeiro..."), simplesmente amo adotar pontos de vista diferentes - e no dia seguinte adotar um oposto.

 

Exemplos: antes eu acreditava no todo-poderoso-que-criou-o-universo-num-passe-de-mágica em deus. De uma hora pra outra... *puff* sumiu. Não acredito mais. Acredito e confio mais em mim que em outros e essa minha "descrença" surgiu a partir das últimas experiências que fiz/passei.

De carro, junto com duas pessoas católicas. Chuva, chuva... (diferenças: eu amo chuva, elas odeiam). Começam a pedir pra não sei que santos interferirem para que a chuva pare. O que eu faço? Só me resta rir. Pessoas que são limitadas desde a infância, pedindo para os outros resolverem seus problemas... crescerão de mãos atadas. Se eu começasse a falar sobre tudo que sei, muito provavelmente me jogariam numa fogueira - ou algo do gênero. Não posso criticar a fé cega de tais pessoas, simplesmente tenho que me calar. É horrível não poder falar o que pensa, não conseguir expressar suas opiniões. Depois de rir eu comento: quando chegar a hora de voltar, terá parado de chover (nem preciso comentar que eu acertei).

 

Até que ponto eu estou certa ou errada eu não sei. Estranho, muito estranho. Tal forma de comunicação pode ser um modo de defesa ou uma tentativa frustrada de mostrar certas coisas a algumas pessoas. E eu ainda disse certa vez: "Oras, não tenho culpa se as pessoas não pensam! Acho que terei que fazer um curso: como se comunicar com ignorantes ao pé da letra". Tudo bem que fizeram cara feia depois, mas eu não aguentei, de certo modo isso cansa! Ter que ficar me fazendo de ignorante e alienada o tempo todo cansa!

Mais estranho ainda, não é com todos que converso assim. Geralmente com pães de queijo eu acabo me dando bem, nos entendemos perfeitamente, sem a necessidade de tais artifícios - ou recorro a eles muito menos.

 

Não é a toa que perdi minhas esperanças na humanidade. Tem uns focos de luz espalhados em alguns cantinhos, mas tudo muito disperso. Se eles são capazes de perder horas de seus dias vendo e discutindo sobre novelas, jogos de futebol, comida, seres do sexo oposto e acabam se alienando com relação a tudo, até mesmo com o que podem fazer mas não tentam... Ah, melhor mesmo deixar para o todo-poderoso-criador-do-universo-num-passe-de-mágica deus todos os problemas, não? E depois ainda sair por ai falando que ele escreve certo com linhas tortas, que se algo não aconteceu contigo, não era para ser...

 

Cada vez que penso sobre este assunto fico mais indignada, melhor deixar as crianças dormirem a noite toda, nem precisam acordar antes do dia amanhecer, eles não precisam se sentir melhor (essa foi pra vc, Thii).

 

LK

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